quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

OS ABUTRES - ATACAM - 1968

Estou repostando um álbum que já foi compartilhado, em setembro de 2007, pelo excelente blog "brnuggets.blogspot.com.br". Trata-se do único disco da banda Os Abutres, intitulado "Os Abutres Atacam", que foi lançado em 1968, pela desconhecida e independente gravadora Codil, com o selo (label)  Big e produção da RioSom. O destaque desse disco são as músicas De Com Força Prá Frente e Nunca, Nunca, sucesso do grupo uruguaio The Shakers.

De acordo com o o blog Brazilian Nuggets, a banda Os Abutres agitou a cena carioca nos anos 1960. Fazia parte da leva de bandas que dividiu a carreira entre palcos dos clubes e programas de rádio e televisão, o que era comum naquela época. 

A sua formação era composta pelos irmãos Nando (guitarra), Lobo (guitarra) e Tuna (bateria), além de Careca (vocalista) e Chico (baixo). Após quatro anos de carreira, o grupo se dispersou e os seus integrantes seguiram outras profissões.

Apesar das limitações de áudio, vale a pena conhecer. As músicas do álbum são:

01 - O Sapato
02 - O caderninho
03 - Não sou bobo
04 - Sem dinheiro
05 - Mister lobo
06 - Estou naquela
07 - De com força prá frente
08 - Fora da onda
09 - A lua
10 - Nunca nunca [Never never]
11 - Foi você
12 - Meu amor me deixou
















quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

OS POPULARES - PIPOCA - 1967

Nesta postagem retomamos a banda Os Populares, já postado anteriormente em 20/11/2011. Para quem não conhece os Populares foi um grupo de rock vocal / instrumental, da época do Movimento Jovem Guarda, criado em 1967, no Rio de Janeiro. Sua formação era composta por J. Cezar (guitarra solo), ex The Pops, Paulo Sérgio (guitarra de ritmo), ex Os Aranhas, João Carlos (baixo elétrico), ex Os Bárbaros, Pedrinho (bateria), ex The Youngsters e Carlinhos (teclados).
 
O álbum que estamos compartilhando é todo ele instrumental. Foi o primeiro disco no formato Long Playing - Lp da banda. Da discografia do grupo é conhecido popularmente como o "disco da pipoca", em função da ilustração da capa. Foi lançado em 1967, pela gravadora RCA Victor. As músicas do álbum são:

1. Maravilhas da Itália: O Sole Mio / Arriverdeci Roma / Torna a Surriento
2. Escala
3. Flor Menina
4. Ginga
5. Eu Não Sabia Que Você Existia / Gatinha Manhosa
6. Cinderela / Fica Comigo
7. Monday Monday
8. India
9. Maravilhas de Portugal: Lisboa Antiga / Foi Deus / Coimbra
10. Thinf
11. Valsas Brasileiras de Ontem: Se Ela Perguntar / Abismo de Rosas / Branca
12. Mexericos da Candinha
13. Favoritos da Boêmia: A Volta do Boêmio / Deusa do Asfalto / Mariposa
14. Holliday for Strings


 
 
 

 
 
 
 

 
 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

HIPPOPOTAMUS DISCOTECA - VOLUMES 3 e 4 - 1976 e 1977

Dando sequência à postagem de 07/02/2013, onde compartilhamos os Volumes 1 e 2 da série de álbuns lançados na onda das discotecas. Neste caso, da famosa Hippopotamus Discoteca.
Desta vez apresentamos os Volumes 3 e 4 dessa série. Os discos foram lançados respectivamente em 1976 e 1977, pela gravadora Som Livre. Confesso que alguns dos interpretes desses discos eu desconheço, tais como Moment of Truth, Vip Connection, Penny McLean, Ralph Carter, The Jungle, Paradise e outros. Desses dois discos,  uma das músicas que mais me chamou a atenção na época, foi Abbracciati, justamente pela interpretação da cantora italiana Marcela. As músicas dos álbuns são:

Volume 3:
1. Helplessly (Moment of Truth);
2. Smoke get in your eyes (Penny McLean);
3. Please love me again (Vip Connection);
4. Extra, extra, extra (Ralph Carter);
5. Venus (Frankie Avalon);
6. More, more, more (Andrea True Connection);
7. The sunshine day (The Jungle);
8. Qualche cosa di piu (Nicola Di Bari);
9. La maladie d'amour (Michel Sardou);
10. We do it (R & J Stone);
11. Walk away from love (David Ruffin);
12. Could it be magic (Donna Summer);
13. Whisperings (Deep Purple);
14. Bobo step (Blue Bahamas).

Volume 4:
1. I gotta keep dancin' (Carrie Lucas);
2. There'll never be another for me (Big Ben Atkins);
3. Disco dog (Birminghan & Eggs);
4. Terror on the dance floor (Dracula & Co.);
5. One love (Celi Bee & the Buzzy Bunch);
6. You love has lifted - Higher and higher (Gabriel);
7. Let the day begin (Paradise);
8. Abbracciati (Marcela);
9. Si tu entends ma melodie (Pierre Charby);
10. You don't have to be a star - to be in mys show (Marilyn McCoo & Billy Davis Jr.);
11. Chained to your love (Moment of Truth);
12. Beside You (White soles).





























sábado, 23 de fevereiro de 2013

GERSON FLINKAS E SUA ORQUESTRA - VOANDO COM O SUCESSO - 1967

Muitas informações e obras ainda estão esquecidas e algumas perdidas na memória da música brasileira, afetando drasticamente a formação da cultura musical brasileira. O imediatismo e visão de curto prazo está prevalecendo na maneira de ser das pessoas em geral.

Um desses exemplos, ocorreu comigo ao pesquisar sobre o maestro Gerson Flinkas. Praticamente não encontrei nada, nem impresso ou mesmo na rede internet. A única informação que obtive se encontra na contracapa do disco que garimpei recentemente. 
Gerson Flinkas foi um popular regente, que atuou com a sua orquestra, nos anos 1960, principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo, animando bailes em clubes e hotéis famosos. Também atuou em excursões no sul do país.  Espero que algum amigo do blog possa completar essa lacuna de informações.
Nesta postagem aproveito para compartilhar o álbum lançado em 1967, pela gravadora Companhia Brasileira de Discos, que posteriormente passou a se chamar Phonogram, Polygram e mais recentemente Universal, editado pelo selo Fontana. As músicas do disco são:
1. A banda;
2. Gasparzinho / The more I see you;
3. Michelle / Strangers in the night;
4. Hang on sloopy / These boots are made for walking;
5. Tristeza / Garotas do rio;
6. My reverie;
7. Yesterday;
8. Exodus;
9. Vem chegando a madrugada / É bom só pra quem sabe sambar;
10. Io ti daro di piu / Dio, come ti amo;
11. All the things you are;
12. Stella by starlight











sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

LAFAYETTE - APRESENTA OS SUCESSOS - VOLUME 9 - 1970

Aos poucos estamos resgatando os álbuns do músico Lafayette, considerado por muitos como o maior instrumentista do Movimento Jovem Guarda. Para quem não sabe, Lafayette nasceu em março de 1943 e aos cinco anos iniciou seu aprendizado musical no Conservatório Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Com o surgimento do rock and roll, passa a integrar o The Blue Jeans Rockers, que foi responsável pelo primeiro rock instrumental gravado no país. Junto com ele na música 'Here Is The Blue Jeans Rockers' estão os futuros Luizinho e Seus Dinamites, Luizinho (violão elétrico) e Euclides (guitarra).

Os teclados de Lafayette contribuíram decisivamente para construir a identidade sonora da Jovem Guarda. A sua presença é inconfundível em várias e clássicas canções dos principais ídolos do movimento, desde sua estréia na música 'Terror dos Namorados', do primeiro álbum de Erasmo Carlos, lançado em maio de 1965. É dele também o órgão de 'Quero Que Vá Tudo Pro Inferno', de Roberto Carlos, que marcou o gênero para sempre. Uma espécie de 'marca registrada' da Jovem Guarda. Apesar disso, o tecladista não conta com o devido reconhecimento, diante da extensão, da qualidade e da influência de sua obra, especialmente no período da jovem guarda.
Gravou inúmeros discos, com destaque para a série denominado “Lafayette Apresenta seus Sucessos”. Essa série alcançou dezenas de edições no período áureo da jovem guarda.

Os seus discos permanecem inéditos, no formato em cd, em sua maioria, com apenas algumas poucas e tímidas coletâneas oficiais relançadas, sendo uma delas somente com hits e clássicos de Roberto Carlos. O que era popular no passado recente, tornou-se cult nos tempos modernos.
O álbum compartilhado nesta postagem já consta na rede, porém em versões que restringem a qualidade de áudio e do material gráfico. Ele foi lançado em 1970, pela gravadora CBS, pelo selo (label) Entre e contém as seguintes músicas:
1. Sabes que te amo (Baby I couldn't I see);
2. Volte (Hold me);
3. A garota que eu quero (The Grooviest girl in the world);
4. Midnight;
5. Volta e vamos recordar;
6. Noi ci amiamo;
7. Can't stop;
8. Vem cantar comigo (Jingle jangle);
9. Que coisa linda;
10. I'll catch the sun;
11. Baby take me in your arms;
12. Celeste.











quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PAUL MAURIAT - NAGEKIDORI - 1982

Dando sequência ao resgate de orquestras lançadas no Brasil, desta vez compartilhamos mais um álbum da Orquestra de Paul Mauriat. Trata-se do disco lançado no Brasil em 1982, pela gravadora Polygram, com o selo (label) Philips.
Até esse ano era costume enumerar os discos por volumes. Já com esse álbum os lançamentos eram nomeados, seguindo muitas vezes o lançamento mundial daquela obra em questão. Além das músicas originalmente lançadas para esse álbum, incluimos mais seis canções bônus, lançadas no mesmo ano, porém em álbuns estrangeiros. As músicas do disco são:
1. Lóiseau blessé (The bird of wounds - Nagekidori) - participação especial de Zamfir;
2. Didn't we almost have it all;
3. Camp fire;
4. Back to pyramids;
5. Divertimento;
6. Elise;
7. On my own (Les miserables);
8. Etude in a new form;
9. Stranger in paradise;
10. Les enchaines (Unchained melody);
11. Phanton of the opera;
Bônus:
12. Duo;
13. Head over hells;
14. I've never been to me;
15. Hard to say I'm sorry
16. Hot on the scent;
17. La trattoria.






Links: 



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

THE ROYAL BAND - JUVENTUDE EM STEREO (1971)

Recentemente, ao ouvir os meus arquivos obtidos por outros blogs, me deparei com um álbum instrumental lançado em 1971, pelo selo Beverly AMC, da gravadora Copacabana Discos (Som Eletrônica), do grupo The Royal Band, intitulado “Juventude em Stereo”. 

Olhando o material verifiquei que foi disponibilizado em 04/08/2011, pelo excelente e  extinto blog baudelongplaying. Pela raridade do material na internet, resolvi reposta-lo. Incluindo um texto adaptado do texto do blog de origem, escrito pelo Carlos.

O álbum LP da misteriosa banda The Royal Band, que era na verdade constituída pelos integrantes do grupo Os Carbonos (informação fornecida pelo amigo Helton e confirmada no site http://estudiocarbonos.com.br) é um espelho da época, em que os sucessos “gringos” davam as cartas e era comum lançarem grupos que interpretavam músicas em inglês, começando pelo próprio nome das bandas. Segundo o autor musical Laércio Pacheco Martins, a banda lançou 3 álbuns, no período de 1971 a 1974.

O disco era o tipo álbum dançante, bem apropriado para os bailes da juventude do início dos anos 1970 e até mesmo para as festas de formatura, aniversários ou casamento. Neste disco em especial há alguns dos maiores hits internacionais da época, desses que tocavam sem parar nas rádios Difusora (São Paulo) e Mundial (Rio de Janeiro). 

Como por exemplo, Rain and Tears (do grupo Aphrodites Child, cujo vocalista era o grego Demis Roussos), Don't Let Me Die (Hurricane Smith), Butterfly (Daniel Gerard), The End (Earl Grant, que morreria nessa mesma época em acidente automobilístico) e Rose Garden (Lynn Anderson), que aliás, tem famosa versão brasileira gravada pelos The Fevers, por Celly Campelo, Cristiano, Os Carbonos, entre outros.

Em minha opinião o destaque do disco é a primeira faixa, intitulada You Notice Me, sucesso do brasileiro que cantava em inglês, Terry Winter. As músicas desse álbum são:

01. You’ll notice me;
02. Don’t let it die;
03. Rain and tears;
04. Butterfly;
05. Rose garden;
06. The end;
07. Funny funny;
08. Thoughts;
09. Top;
10. Honey believe










Link:




domingo, 17 de fevereiro de 2013

OS CARBONOS - AS 12 MAIS DA JUVENTUDE - VOLUME 1 (1967)

Já que na postagem anterior foi compartilhado o álbum instrumental da banda Os Carbonos, aproveito para repetir a banda, só que desta vez com outro álbum, que contém canções com vocais, intitulado "As 12 Mais da Juventude - Volume 1". 

Trata-se de um álbum raro e acredito que é o primeiro disco Long Playing da banda. O álbum já foi postado na rede, porém tenho visto algumas deficiências em algumas delas, no que se refere a qualidade de áudio e principalmente no material gráfico disponibilizado.

Foi lançado em 1967, pela gravadora Copacabana Discos (Som Eletrônica), pelo selo (label) Beverly. Para os interessados em obter o Volume 2, veja nossa postagem de 05/12/2011. 

Desse disco destaco as canções Olhando as Estrelas, onde a interpretação se espelha na gravação de Roberto Carlos, para o disco "Louco por Você", With a Girl Like You, gravada pelo The Troggs e Never Never, da banda uruguaia The Shakers. 

As músicas que fazem parte da seleção deste disco disco são as seguintes:

01. A praça;
02. Só vou gostar de quem gosta de mim;
03. Coração de papel;
04. Vem quente que estou fervendo;
05. Eu só quero ver;
06. Meu bem não me quer (My babys don't care);
07. Olhando as estrelas (Look for a star);
08. Último trem (Last train to Clarksville);
09. Never never;
10. With a girl like you;
11. Pensando nela (Bus stop);
12. Black is black.



























sábado, 16 de fevereiro de 2013

OS CARBONOS - 10 SUPER SUCESSOS - INSTRUMENTAL (1970)


Em complemento a postagem de 17/03/2012, onde apresentamos o álbum instrumental do grupo Os Carbonos, compartilhamos agora o outro álbum instrumental, lançado em 1970, pela gravadora Som (Discos Copacabana), com o selo/label AMC. 

Para resgatar, Os Carbonos foi um grupo musical brasileiro formado, em São Paulo, no início da década de 1960 com a proposta de reproduzir fielmente os sucessos da época, o que atualmente nós chamamos de banda "cover". Integrado por três irmãos, sendo dois gêmeos, que eram sobrinhos dos "Trigêmios Vocalistas", conjunto musical dos anos 60.

Inicialmente se apresentaram como "The Witchcraft", depois como "Os Quentes", com o qual lançaram um compacto simples pelo selo Mocambo / Rozenblit. Em 1966, por sugestão da gravadora Beverly, adotaram o nome "Os Carbonos", referência tanto à aparência semelhante dos irmãos, como à opção do conjunto por fazer versões idênticas de sucessos, e tiveram vários discos nessa linha.

Gravaram vários discos com a formação original e com a proposta de versões covers - "As 12 Mais da Juventude". Ao longo da década de 1970, modificaram o nome diversas vezes, apresentando-se como "Andróides", "The Mackenzie Group", 'Carbono 14" e "The Magnetic Sounds" neste último, gravou a série de discos "Super erótica".

A formação original era composta por: Mário Bruno Carezzato (teclados); Umberto Carezzato Sobrinho (baixo); Raul Carezzato Sobrinho (vocal); Ricardo Fernandes de Morais (guitarra) e Antônio Carlos de Abreu (bateria).

Aguardo opiniões a respeito desse raro álbum. As canções do disco instrumental de 1970 são:

01. In summertime;
02. Yellow river;
03. Up around the bend;
04. My baby loves lovin';
05. Get ready;
06. Maria Izabel;
07. O cabeção;
08. Quero voltar pra Bahia;
09. The lover;
10. Reflections of my life.









Os Carbonos was a Brazilian musical group formed in São Paulo in the early 1960s with the proposal to faithfully reproduce the successes of the seas.













EU NÃO SOU CACHORRO NÃO - VÁRIOS - 2004

Recentemente eu reli um dos livros mais interessantes e emblemáticos sobre a música brasileira, principalmente daquela da fase da Jovem Guarda e da chamada “Música Brega”, um termo que considero preconceituoso e fora de propósito. Trata-se do livro “Eu Não Sou Cachorro Não”, do autor historiador Paulo César de Araújo, de 458 páginas, editado em 2002, pela Editora Record.

O mundo editorial de música brasileira é limitado, com poucas publicações, até porque o público interessado também é restrito. Dos livros que já foram editados, em minha opinião, esse é um dos melhores, principalmente pela direção que toma.

Não é exatamente um livro apenas sobre música em geral. O autor defende uma causa que nunca ninguém abordou, uma vez que são temas delicados, considerando o contexto da época. Ele revela como os cantores considerados “cafonas ou bregas” dos anos 1970, justamente no período do militarismo do Brasil, foram censurados, apanharam da direita e também enfrentaram exílio.

O autor mostra no livro comentários de Waldick Soriano sobre tortura, Odair José manifestando sobre maconha, além de mencionar relatos de outros artistas da época, como Agnaldo Timóteo, Lindomar Castilho e Dom e  Ravel

Artistas considerados bregas, como Odair José e Waldik Soriano sempre apareceram no topo da lista dos discos mais vendido. Veiculados em rádios, frequentavam os programas de auditório, mas não receberam o devido respeito e espaço em livros e teses, pois frequentemente eram associados à ditadura militar.

No livro “Eu Não Sou Cachorro Não”, Paulo César de Araújo preenche essa lacuna na histografia da música popular brasileira e mostra como figuras demonizadas por aderirem à cultura oficial durante os anos de chumbo, na verdade, foram tão ou mais perseguidas pelo regime quanto os artistas de esquerda.

A produção musical brega (ou cafona) faz parte da realidade cultura brasileira, tanto quanto o tropicalismo e a bossa nova e segundo o autor merece ser analisada. O material do livro aborda três aspectos do papel de resistência desempenhado por esses artistas. Em primeiro lugar, é analisado como muitas letras trazem a denúncia ao autoritarismo e à segregação social. Por exemplo, a canção O Divórcio, de Luiz Airão, que a princípio se chama Treze Anos, pode ser lida tanto como um desabafo de um homem infeliz quanto um protesto ao regime militar.

O autor compara a produção musical dentro do contexto histórico, dando especial ênfase ao Ato Institucional - AI5 (decreto emitido pelo governo militar). É lembrado que a maioria desses cantores vivenciou o trabalho infantil: Nelson Ned e Agnaldo Timóteo foram engraxates. Paulo Sérgio foi alfaiate.

Também há histórias que só agora chegam ao público. Como a vez que Odair José teve a música A Primeira Noite (que aborda sobre a primeira experiência sexual de um garoto) censurada e, para escapar do veto, apenas trocou o título para Noite de Desejos e passou incólume pelas autoridades. Por sinal, Odair José era campeão de vetos da censura federal. Sua canção Pare de Tomar a Pílula foi proibida de ser executada nas rádios brasileiras e em toda a América Latina.

Mas Odair José não foi o único a ser censurado. O cantor Fernando Mendes teve a música Tributo a Carlinhos proibido, já que ela poderia ser interpretada como referência aos presos políticos. Para quem não sabe ou não se lembra, o menino Carlinhos tinha desaparecido sem deixar pistas, na década de 1970, num caso policial célebre e não resolvido até os dias atuais

Máximas de Waldik Soriano – a mulher é como a música. A música serve para limpar a alma, a mulher para limpar a casa – também estão presentes no livro. Assim como situações que beiram a tragicomicidade: Nelson Ned passava por baixo da roleta de ônibus por não ter dinheiro para pagar a passagem. Em brincadeira, segundo ele, isso não era difícil.

Essas histórias resgatam artistas que, entre 1968 a 1978, se destacaram no cenário artístico nacional. Paulo César explica que apesar de esquecida, nossa música popular cafona permanece guardada em estruturas de comunicação informais. Atire a primeira pedra quem nunca cantarolou uma letra de música popular dessa época. Apesar de gosto duvidoso, as melodias fazem parte do patrimônio afetivo de milhares de brasileiros. Músicas como Eu Não Sou Cachorro Não, Pare de Tomar a Pílula e Cadeira de Rodas fazem parte do repertório de um Brasil de excluídos, um país mergulhado na ditadura militar e sacudido tanto por marchas moralistas de apoio à família, a propriedade e à Igreja, quanto pela guerrilha urbana.

Paulo César de Araújo, baiano nascido na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, é historiador e mestre em Memorial Social. Quando escreveu o livro atuava como professor de História, no ensino fundamental e médio, da rede pública do Estado do Rio de Janeiro.

Fontes: Carta Capital e Resenha Editora Record

Nesta postagem aproveitamos para compartilhar uma versão digital do livro e o álbum “Eu Não Sou Cachorro Não”, lançado em 2004, pela gravadora Universal Music, que continha 14 músicas, consideradas emblemáticas pelo autor. As músicas do álbum são:

1. Torturas de amor (Waldik Soriano);
2. Em qualquer lugar (Odair José);
3. Não creio em mais nada (Paulo Sérgio);
4. A cruz que carrego (Evaldo Braga);
5. Retalhos de cetim (Benito di Paula);
6. Viagem (Odair José);
7. Eu queria ser negro (Marcus Pitter);
8. Você também é responsável (Dom & Ravel);
9. A galeria do amor (Agnaldo Timóteo);
10. Uma vida só - Pare de tomar a pílula (Odair José);
11. Brasileiro no meu calor (Sidney Magal);
12. Garoto de rua (Balthazar);
13. Eu não sou cachorro não (Waldik Soriano);
14. Vou tirar você desse lugar (Odair José & Caetano Veloso).














Paul César de Araujo - Autor livro "Eu Não Sou Cachorro Não"





Caetano Veloso e Odair José - Evento Phono 73



 Música vetada pela Censura



Capa do Livro "Eu Não Sou Cachorro Não"



Contra Capa do Livro "Eu Não Sou Cachorro Não"