Acredito
que um dos cantores mais emblemáticos e mais pop da música brasileira seja o cantor
e compositor Odair José de Araújo, ou simplesmente Odair José. Ele nasceu em Morrinhos, no Estado de Goiás. Já aos 10
anos de idade tocava violão, piano e gaita. Aos 12 anos, ao lado do amigo
Demetrius (homônimo do cantor dos anos 1960), formou uma dupla que tocava
música sertaneja. Demetrius faleceria pouco tempo depois, devido a uma reação
alérgica a uma injeção.
Odair
mudou-se para a capital do estado, cidade de Goiânia, onde continuou a se
dedicar ao aprendizado musical e iniciou os primeiros passos como compositor.
Ao completar 18 anos, resolveu seguir o seu sonho de tornar-se cantor
profissional, indo para o Rio de Janeiro, considerada a capital da música
brasileira.
Porém,
no começo as coisas foram difíceis para o estreante cantor. Em alguns momentos,
teve que dormir na rua e trabalhar em inferninhos e boates consideradas “barra
pesada”. Mas foi graças a essa vivência na noite que Odair José evoluiu seu
estilo de cantar e compor único e marcante. Especializou-se em narrar as
mazelas dos mais desafortunados, como as empregadas domésticas, prostitutas, operários,
deprimidos e apaixonados. Foi maldosamente apelidado de “Terror das empregadas
domésticas”, por ter nesse público muita aceitação. Chegou a participar de dois
shows, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo , em apoio à regulamentação da profissão
dessa categoria.
Enquanto
Odair José dava apoio a uma causa nobre, faziam piada sobre sua música e estilo
nas altas rodas “intelectuais” da música. Apesar disso, ao lado de Caetano
Veloso, participou da Mostra Phono 73 (postado neste blog), juntos interpretando
a música Vou Tirar Você Deste Lugar.
Desde
o final dos anos 1960, começou a ter problemas com o órgão repressor oficial na
época da ditadura. Várias letras de sua autoria foram alteradas e proibidas
pelos agentes da censura. Há uma miopia de que isso só acontecia com os
compositores da MPB. Talvez a música mais polêmica da carreira do compositor
seja Uma Vida Só, também conhecida
como Pare de Tomar a Pílula. O tema foi uma sugestão do então diretor
artístico da Radio Globo, Carlos Guarani.
Quando lançou essa canção em 1973, O Brasil passava por um momento mais
crítico de repressão à liberdade civil. O governo estava em franca campanha de
controle de natalidade nas classes mais pobres e a música contrariava essa
diretriz. Para fúria dos censores a canção tornou-se megasucesso nas rádios de
todo o país. A música foi proibida nacionalmente gerando uma grande
repercussão, levando o cantor a buscar um auto-exílio, até as coisas
melhorarem. Essa música foi proibida em vários países da América Latina.
Outro
escândalo de grande repercussão de Odair José nessa época foi a briga dele com
a ex-esposa e também cantora Diana. Segundo o que se relatou, o casal já estava
em processo de separação, quando em um determinado momento Diana foi até o
apartamento onde moravam, para retirar alguns objetos pessoais, quando
encontrou o cantor ao telefone côm a cantora Rosemary, falando sobre a música
que estava compondo para ela. Encolerizada agrediu o cantor com uma garrafa de
uísque, produzindo um corte em sua testa. Após esse fato, o cantor rumou para
Londres e ficou por lá até aquele período turbulento passar.
Após
retorno, voltou a ter problemas, dessa vez com a Igreja Católica, com a música Cristo, Quem é Você?, uma crítica à
igreja. Foi quase excomungado, sofreu tentativa de linchamento e teve que ouvir
muitos palavrões.
Em
1977, de forma ousada para a época, lançou o disco Long Playing-LP, O “Filho de
José e Maria”. Tratava-se de uma ópera rock com músicas polêmicas contando o
nascimento, a vida e morte de um homossexual que resolve assumir sua opção aos
33 anos e encontra a felicidade. Esse personagem era o tal filho de José e
Maria. Desse mesmo disco, a música O
Casamento deixou a igreja em fúria, pois mencionava que José e Maria não
eram casados, quando do nascimento de Jesus. Desta vez, Odair José foi
excomungado pela Igreja e o seu disco foi literalmente banido.
Em
1978, retorna com um disco tradicional
intitulado “Coisa Simples”, numa tentativa de superar toda aquela polêmica do
disco anterior e minimizar os prejuízos decorrentes. A partir desse momento,
continuou compondo canções românticas durante as décadas de 1980 e 1990.
Nos
anos 2000, foi resgatado e adquiriu o “status” de artista “cult”. Recebeu
homenagens, realizou comerciais de TV, gravaram discos tributo à sua carreira e
surgiram bandas “cover” tocando as suas músicas. Um desses tributos foi o
disco, em Compact
Disc-CD , intitulado “Vou Tirar Você Desse Lugar”, lançado em
2006, pela gravadora goiana Allegro, com a participação de vários artistas pop
da nova geração, tais como, Mombojó, Leela, Los Pirata, além de Pato Fu, Zeca
Baleiro e Paulo Miklos (membro dos Titãs). O disco ficou entre os quatro
melhores CDs daquele ano, eleito pela extinta Revista Bizz, em uma lista de 100
disco indicados.
Odair
José lançou em sua carreira musical 27 discos e várias compilações lançadas por
várias gravadoras.
Fontes:
livro “Almanaque da Música Brega”, de Antonio Carlos Cabrera, Editora Matrix, 2007 e o livro "Eu Não Sou Cachorro Não", de Paulo César de Araújo, Editora Record, 2002
Nesta postagem homenageamos esse cantor popular da música brasileira, apresentando o álbum "Ontem / Hoje", lançado em 1977, pela gravadora Polygram, com o selo Polyfair. Uma curiosidade que muitos não sabem e com relação aos músicos que participavam das gravações dos álbuns de Odair José na Polygram. Eram músicos de primeira grandeza, sendo em muitos casos, os mesmos músicos de artistas da MPB, que faziam parte do "cast" da mesma gravadora, entre eles Roberto Bertrami (piano), Alex Malheiros (baixo), Ivan "Mamão" Conti (bateria), que depois formaria o grupo Azimuth e ainda Luiz Cláudio Ramos, que seria posteriormente o maestro de Chico Buarque de Hollanda.
Neste álbum apresentado, contém os seguintes sucessos e mais 5 canções bônus incluídas pelo blog:
Neste álbum apresentado, contém os seguintes sucessos e mais 5 canções bônus incluídas pelo blog:
1. Eu você e a praça;
2. Cadê você;
3. Mande nem que seja um telegrama;
4. Alegria triste;
5. Cristo, quem é você;
6. Pense pelo menos em nossos filhos;
7. Noites de desejos;
8. Eu sinto pena e nada mais;
9. Deixe essa vergonha de lado;
10. Na minha opinião (Eu te quero, Te adoro, Te gosto);
11. Que saudade de você;
12. As noites que você passou comigo;
13. Dê um chega na tristeza;
14. Esta noite você vai ter que ser minha;
15. Assim sou eu;
16. A noite mais linda do mundo (Felicidade).
2. Cadê você;
3. Mande nem que seja um telegrama;
4. Alegria triste;
5. Cristo, quem é você;
6. Pense pelo menos em nossos filhos;
7. Noites de desejos;
8. Eu sinto pena e nada mais;
9. Deixe essa vergonha de lado;
10. Na minha opinião (Eu te quero, Te adoro, Te gosto);
11. Que saudade de você;
12. As noites que você passou comigo;
13. Dê um chega na tristeza;
14. Esta noite você vai ter que ser minha;
15. Assim sou eu;
16. A noite mais linda do mundo (Felicidade).
Bônus:
17. O filho de José e Maria;
18. Uma vida só (Pare de tomar a pílula);
19. Vou tirar você desse lugar;
20. O amanhã espera por nós dois;
21. Mom amour, meu bem ma femme.
17. O filho de José e Maria;
18. Uma vida só (Pare de tomar a pílula);
19. Vou tirar você desse lugar;
20. O amanhã espera por nós dois;
21. Mom amour, meu bem ma femme.
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Hello, good people....
ResponderExcluirVou contar uma história rápida , porém inquestionavelmente real:
Antigamente, no século passado, lá pelo meio dos anos '70, Odair José, era considerado um músico "menor", de apelo "sentimental-brega" e os mais "esclarecidos musicalmente" simplesmente o desprezavam, e ignoravam....para os amantes do rock'n'roll, como eu, era então insuportavelmente repetitivo e brega, seus 3 acordes eram uma tortura para qualquer ouvido educado...
Hoje, com todo o avanço nas redes de informação, percebemos que a música brasileira infelizmente está MORTA E ENTERRADA, pelo menos na media,TV,rádio,etc,,etc,,, somos bombardeados incessantemente pelo "neo-sertanojo", pelo "funk" (ai, meu amigo James Brown se revirando no túmulo!!)e por músicas destituídas de valor....com letras desprezíveis e compostas por "semi-analfabetos" musicais e que fugiram da escola na 2º série do ensino fundamental....
Então revivemos o mesmo dilema da Roma antiga....os brasileiros em sua maioria, encontram "satisfação" (I can't get no satisfaction!) em músicas inomináveis e no indefectível futebol....e o mundo continua a girar!!!!
Moral da história: Hoje Odair José merece todo o nosso respeito!!! Ele é "cult 'prá chuchu!!!"
Um dia, a "verdade musical" libertará a TODOS...assim eu espero e rezo todas as noites por isto!!!
Apesar do mediocridade musical brasileira atual,
"""█▓▒░ ★ Life Gets Sweeter Everyday★ ░▒▓█"""
Peter Hammill - SP
O AMIGO PODE LINKAR DE NOVO odair jose?
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