Nesta
postagem, resgato um cantor que lembra a minha infância. Toda vez que passava
férias na casa de meus padrinhos, costumava visitar um vizinho deles, que
sempre que podia ouvia um disquinho com as músicas Mi Viejo e Juan Boliche,
do cantor Piero. Posteriormente, conheci outra bela versão de Mi Viejo (Meu Velho), na voz de Altemar Dutra.
Para
aqueles que não o conhece, Piero Antonio Franco De Benedictis, mais conhecido
simplesmente como Piero, nasceu na cidade de Gallipoli, Itália, no dia 19 de
abril de 1945. ), porém se notabilizou como cantor argentino.
Piero, chegou
à Argentina em 1948, aos 3 anos de idade. Sua família se estabeleceu na aldeia
de Banfield, no sul da Grande Buenos Aires, até 1951, quando sua família se
mudou para Allen (província de Rio Preto), onde cursou primário e começou na
música. Durante sua juventude, ele foi seminarista católico.
Ele
estreou na televisão em 1964, cantando canções melódicas italianos como Alla Cara, cara nonna e Giovane,
giovane. Em 1965, lançou o álbum com as músicas El
cachivache, e Rosa, Rosita, do cantor brasileiro Roberto
Carlos, e em 1966, a canção La sombrilla.
Em 1969,
ele ganhou o III Festival da Canção, de Buenos Aires, com o tema Como somos. Sua consagração veio com a linda canção Mi Viejo, iniciando uma permanente
co-autoria com o poeta José Tcherkaski.
A
partir desse momento, são músicas como No te vayas por favor, Tengo
la piel cansada de la tarde, Si vos te vas, Juan Boliche, Pedro
Nadie, Caminando por Caracas, Canción a Magdalena e Yo
vengo, que gradualmente o
faz mudar o estilo de sua produção artística, o consagradando como uma das
principais figuras da canção de protesto político.
Em
1976, foi forçado ao exílio, devido à ditadura militar na Argentina. Primeiro
viveu na Itália e depois na Espanha, onde permaneceu até año1981 quando ele
decidiu retornar à Argentina. Em meados dos anos oitenta deixou a música de
protesto, fundando uma fazenda orgânica perto de Campana (província de Buenos
Aires), juntamente com os adolescentes de famílias pobres.
Apontando
para um público muito mais jovem e roqueiro do que nas fases anteriores, Piero
conseguiu ter uma grande temporada em 1982, lotando duas vezes Estádio Works
(uma das cenas clássicas do rock na Argentina), participou do festival BA Rock
e realizou sete shows, com públicos diversos no Teatro Opera, em Buenos Aires.
Entretanto, foi o grande ausente no Festival Latino-americana de Solidariedade,
organizado por ocasião da Guerra das Malvinas.
Em
1985, acompanhado por José Tcherkaski, realizou uma turnê pela América Latina,
que atingiu o seu máximo sucesso na Colômbia e no Equador, onde 80 mil pessoas
se reuniram para ouví-lo. Naquele mesmo ano, ele obteve um Konex - Diploma de
Mérito como um cantor de baladas.
Durante
essa turnê, ele participou de um concerto em benefício das vítimas da tragédia
de Armero (na Colômbia), que causou 30.000 mortes. Lá, ele cantou Julio
Iglesias, Joan Manuel Serrat e José Luis Rodríguez El Puma. Essa turnê foi estendida
até o interior do país e confirmou sua popularidade, com a participação de
70.000 espectadores. No entanto, o álbum do show não obteve o mesmo sucesso. Desde
então, ele fez shows esporádicos, tanto na Argentina e no resto da América
Latina, mas sem o apelo massivo do passado.
Em
1995, ele empreendeu a publicação de um álbum duplo dedicado aos direitos das
crianças. Participou junto com artistas internacionais, tais como David Gilmour
(Pink Floyd), Annie Lennox e Joaquín Sabina, e nacional, como León Gieco,
Jairo, Baglietto, Miguel Cantilo e ídolo do futebol Diego Maradona. O projeto
foi declarado de interesse nacional e royalties foram doados à UNICEF.
Durante
grande parte da década de noventa, viveu na Colômbia, chegando a receber a
cidadania desse país, das mãos do então presidente Ernesto Samper. Com isso, ele
teve três cidadanias: italiana, argentina e Colombiana.
Em
1998, o governador Eduardo Duhalde nomeou-o Secretário de Cultura da Província
de Buenos Aires. Em 2001, ele publicou um novo trabalho, incluindo alguns
clássicos antigos e 6 faixas inéditas: 30 anos de canções.
Em
fevereiro de 2011, ele gravou o hino do Banfield, no trabalho “Futebol para
Todos”, comemorativo Clausura Futebol Argentino. Nesse mesmo ano, realizou
alguns shows em homenagem ao compositor, cantor e escritor Facundo Cabral, que
participou em uma das apresentações.
Em 2012, um tribunal
federal na cidade de La Plata (capital da província de Buenos Aires) ordenou a
prisão do cantor Piero por não ter aparecido ao depoimento de um caso, que o
envolvia por por um suposto fraude do governo argentino, quando serviu como
secretário de Cultura da Província de Buenos Aires. No entanto, o caso foi
arquivo por prescrição.
Para
homenagear esse compositor e cantor, que lançou mais de 18 álbuns, desde 1969, resgato o famoso compacto simples, que eu tanto ouvia na minha infância. Foi lançado no Brasil em 1970,
pela gravadora CBS, com o acompanhamento de Jorge Lopez Ruiz e sua Orquestra, contendo as seguintes canções:
Lado
A:
1.
Mi Viejo
Lado
B:
2.
Juan Boliche
Oi, Hedson!
ResponderExcluirSensasional descrição do cantor Piero. Muito bem escrita, a leitura fui suave e interessante!
Leio todas as suas postagens, pois são muito bem escritas e me trazem um conhecimento musical que eu não tinha.
Parabéns!
Amigo João Muller
ExcluirObrigado pelo apoio. Eu acho importante que resgatemos não só a obra musical, mas também que possamos conhecer um pouco da carreira de cada um dos artistas aqui descritos.
E é justamente nesse ponto, que encontro dificuldades em obter informações a respeito deles. Quando isso acontece fico triste, por ver alguém totalmente esquecido.
Por sorte, temos amigos que complementam essas informações no blog.
A propósito, vou lhe enviar umas cinco musicas prediletas comerciais, para que as arrume.
um grande abraço
Hamilton (Hedson LaPlaya)
Imagino o trabalho que você tem para coletar todas esta informações... Um belo trabalho de garimpagem!
ExcluirJá no meu blog, preferí não escrever nada, pois as músicas falam por sí...
Pode me mandar suas prediletas, que terei o maior prazer de "arrumá-las"!
Um abração!