Ainda em homenagem a João Gilberto e atendendo ao pedido do amigo Ronaldo, reapresentamos uma postagem do blog, de julnho de 2013, onde incluímos uma uma ótima coletânea de canções da Bossa Nova, brinde de uma edição especial denominada de "Documento Musical", publicada em 2004, pela Revista Contigo, com material da gravadora EMI.
O curioso desse material é que a capa tem o retrato do principal cantor da Bossa Nova, João Gilberto, porém, o mesmo não aparece na coletânea musical do disco. Ao compartilhar essa compilação e com intuito de fazer valer a capa, incluímos duas faixas do terceiro álbum de João Gilberto, as canções Doralice e Outra Vez. O destaque dessa seleção fica por conta da ótima interpretação da cantora Elza Soares, com a canção O Pato.
A seguir o texto inicial da Edição Especial da Revista Contigo, sobre o começo da Bossa Nova:
Seu cast não era composto de cantores ou músicos. Para dizer a verdade, nem cast o Festa tinha. A maioria dos LPs de 10 polegadas que Garcia insistia em produzir trazia poetas e escritores amigos seus lendo suas obras. Pois foi este selo amador o responsável pelo marco inicial da Bossa Nova. Como isso foi possível?
Garcia era freqüentador do Villarino, bar no centro do Rio de Janeiro que reunia a fina flor da boemia e da intelectual idade carioca chegada a um copo. Entre habiiués do lugar figuravam os jornalistas Antonio Maria e Sérgio Porto, as cantoras Dolores Duran e Aracy de Almeida, o cronista Paulo Mendes Campos e o poeta e vice-cônsul Vinicius de Moraes.
Não se sabe se a iniciativa partiu de Vinicius ou de Garcia. O importante é que alguém achou uma boa ideia o poeta, em vez dos seus famosos sonetos, gravar as canções que vinha compondo com um talentoso pianista e arranjador chamado Tom Jobim.
Os dois começaram a trabalhar juntos dois anos antes. Vinicius estava em busca de alguém "moderno" para produzir as canções de Orfeu da Conceição, peça que escrevera baseada na tragédia grega.
O jornalista Ronaldo Bôscoli, cunhado de Vinicius, indicou Jobim ao poeta. Lírica e harmonia se encontraram. Em Orfeu, logo de cara, a dupla emplacou Se Todos Fossem Iguais a Você, Lamento no Morro, Um Nome de Mulher, entre outras belezas.
No disco Festa eles iriam descarregar uma nova safra de composições como Chega de Saudade, Outra Vez, Eu Não Existo Sem Você. Como nem Vinicius nem Tom cantavam naquela época, escolheram Elizeth Cardoso para os vocais.
O trio e mais um cantor baiano que tocaria violão em algumas faixas se reuniam na casa de Jobim, na Rua Nascimento e Silva, 107, para ensinar as canções à "Divina". João Gilberto tocava um violão diferente, "moderno" como o piano de Jobim, razão pela qual havia sido convocado. O circuito se fechou. A lírica e a harmonia haviam encontrado o ritmo.
“Canção do Amor Demais” foi lançado com 2.000 exemplares e passou em branco. Mas teve o mérito de registrar, pela primeira vez, em duas faixas - Chega de Saudade e Outra Vez -, o violão de João Gilberto, a batida da Bossa nova. Era uma batida que simplificava o samba. O ritmo constante permitia brincar com a harmonia do jeito que se quisesse. Parecia tão simples, que a pergunta era inevitável: como ninguém pensou nisso antes? Pois havia uma legião de garotos apaixonados por música procurando desesperadamente por esse toque moderno. Quando, alguns meses depois, João Gilberto lançou pela Odeon o disco “Chega de Saudade”, com a própria de uni lado, e Bim-Bom, de outro, aqueles garotos descobriram um farol.
Cinco anos depois, em março de 1963, João Gilberto e Tom Jobim estavam reunidos novamente em um estúdio em Nova York para produzir a obra antológica da Bossa Nova. Com o saxofonista americano Stan Getz, mais o baixista Tião Neto e o baterista Milton Banana, gravariam Getz/Gilberto.
O LP demoraria quase um ano para ser lançado pela Verve, de Creed Taylor. Mas quando saiu, no começo de 1964, puxado pelo single Garota de Ipanema, foi um sucesso instantâneo. Faturou um caminhão de Grammys, revelou a cantora Astrud Gilberto, e firmou a Bossa Nova no mundo. Lá fora, a Bossa Nova teria o mesmo efeito que teve no Brasil. Iria influenciar artistas e trazer mais beleza à sua arte.
As musicas e interpretações que compõem o disco que acompanha a edição especial da Revista Contigo são as seguintes:
O curioso desse material é que a capa tem o retrato do principal cantor da Bossa Nova, João Gilberto, porém, o mesmo não aparece na coletânea musical do disco. Ao compartilhar essa compilação e com intuito de fazer valer a capa, incluímos duas faixas do terceiro álbum de João Gilberto, as canções Doralice e Outra Vez. O destaque dessa seleção fica por conta da ótima interpretação da cantora Elza Soares, com a canção O Pato.
A seguir o texto inicial da Edição Especial da Revista Contigo, sobre o começo da Bossa Nova:
A batida da Bossa Nova apareceu em 1958 no LP Canção do Amor Demais e ganhou o mundo cinco anos depois com Stan Getz e João Gilberto.
O selo Festa era quase invisível frente aos bolachões 78 rpm da gravadora Continental, Odeon, Copacabana e da Columbia, as gravadoras que dominavam a cena musical brasileira em 1958. Nada de espantoso nisso. O Festa não passava de um capricho de seu proprietário, o jornalista Irineu Garcia. Seu cast não era composto de cantores ou músicos. Para dizer a verdade, nem cast o Festa tinha. A maioria dos LPs de 10 polegadas que Garcia insistia em produzir trazia poetas e escritores amigos seus lendo suas obras. Pois foi este selo amador o responsável pelo marco inicial da Bossa Nova. Como isso foi possível?
Não se sabe se a iniciativa partiu de Vinicius ou de Garcia. O importante é que alguém achou uma boa ideia o poeta, em vez dos seus famosos sonetos, gravar as canções que vinha compondo com um talentoso pianista e arranjador chamado Tom Jobim.
O jornalista Ronaldo Bôscoli, cunhado de Vinicius, indicou Jobim ao poeta. Lírica e harmonia se encontraram. Em Orfeu, logo de cara, a dupla emplacou Se Todos Fossem Iguais a Você, Lamento no Morro, Um Nome de Mulher, entre outras belezas.
O trio e mais um cantor baiano que tocaria violão em algumas faixas se reuniam na casa de Jobim, na Rua Nascimento e Silva, 107, para ensinar as canções à "Divina". João Gilberto tocava um violão diferente, "moderno" como o piano de Jobim, razão pela qual havia sido convocado. O circuito se fechou. A lírica e a harmonia haviam encontrado o ritmo.
Cinco anos depois, em março de 1963, João Gilberto e Tom Jobim estavam reunidos novamente em um estúdio em Nova York para produzir a obra antológica da Bossa Nova. Com o saxofonista americano Stan Getz, mais o baixista Tião Neto e o baterista Milton Banana, gravariam Getz/Gilberto.
O LP demoraria quase um ano para ser lançado pela Verve, de Creed Taylor. Mas quando saiu, no começo de 1964, puxado pelo single Garota de Ipanema, foi um sucesso instantâneo. Faturou um caminhão de Grammys, revelou a cantora Astrud Gilberto, e firmou a Bossa Nova no mundo. Lá fora, a Bossa Nova teria o mesmo efeito que teve no Brasil. Iria influenciar artistas e trazer mais beleza à sua arte.
As musicas e interpretações que compõem o disco que acompanha a edição especial da Revista Contigo são as seguintes:
1. Samba de Verão - Marcos Valle;
2. Sei lá...A vida tem sempre razão - Vinicius e Toquinho;
3. O pato - Elza Soares;
4. Eu e a brisa - Johnny Alf;
5. O barquinho - Pery Ribeiro;
6. Hô-ba-la-lá - Norma Benguell;
7. Minha namorada - Wilson Simonal;
8. Você - Dick Farney e Claudette Soares;
9. Lobo bobo - Sylvia Telles;
10. Preciso aprender a ser só - Marcos Valle;
11. Ilusão a toa - Johnny Alf;
12. Testamento - Vinicius e Toquinho;
13. Barquinho diferente - Claudette Soares;
14. Bim-bom - Milton Banana Trio;
15. O canto de ossanha - Pery Ribeiro;
16. Primavera - Alaíde Costa;
17. Balanço zona sul - Wilson Simonal;
18. Mocinho bonito - Dóris Monteiro;
19. Pra machucar meu coração - Elizeth Cardoso;
20. Razão do amor - Marcos Valle
Bônus:
21. Doralice - João Gilberto;
22. Outra Vez - João Gilberto.
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