quarta-feira, 21 de novembro de 2012

BOLA SETE - A TRAJETÓRIA DO COMPOSITOR BRASILEIRO DJALMA DE ANDRADE - 2006


Recentemente, em pesquisas que costumo realizar na internet, descobri um trabalho de alta qualidade e de importância para a música brasileira e mundial. Trata-se de uma dissertação de mestrado de Luis Gustavo Carvalho Alonso Rays, apresentada em 2006, ao Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas / São Paulo, tendo como orientador o professor doutor Marcos Siqueira Cavalcante.

O trabalho de 121 páginas aborda a trajetória musical do compositor e instrumentista brasileiro Djalma de Andrade, mundialmente conhecido como Bola Sete. A seguir um resumo do trabalho, conforme o autor:

Resumo do trabalho:

Este trabalho apresenta e analisa os elementos musicais pertencentes aos diferentes estilos e gêneros que caracterizam a obra do compositor e músico brasileiro Djalma de Andrade, mais conhecido nos meios musicais como “Bola Sete”, evidenciados neste trabalho pela notável influência do jazz em suas composições e os reflexos de sua vida pessoal, como a sua origem humilde, sua dedicação à arte como meio de sobrevivência, sua espiritualidade, a busca do reconhecimento profissional em outros países e as parcerias com importantes músicos seus contemporâneos. Também é ciente da importância e necessidade de contribuir para com a historiografia da música brasileira, bem como da carência de trabalhos direcionados à interpretação das obras para o violão.

Os elementos acima mencionados que marcaram o estilo deste músico no cenário musical na segunda metade do século XX, de certa forma ajudaram a construir a cultura popular musical brasileira, consolidada por outros personagens do Brasil. Os dados desta pesquisa tiveram como fonte principal o acervo particular Anne Sete, a viúva do compositor, que gentilmente contemplou com informações privadas como cartas, partituras, gravações e recortes de jornais e revistas contendo artigos que retratam a trajetória deste incomparável músico, tendo em vista que sua vida e obra são pouco conhecidas no meio acadêmico.

O primeiro capítulo desta pesquisa recupera a trajetória pessoal e profissional do compositor e músico objeto desta investigação apresentando uma apreciação crítica dessas fontes bibliográficas. No segundo capítulo foi realizado um estudo detalhado dos elementos musicais que caracterizam as composições de Djalma de Andrade identificando as suas sugestões interpretativas e apresentando os exemplos musicais em seus diferentes estilos e gêneros, observando, principalmente, a influência do jazz em suas composições. No terceiro capítulo, foi transcrito e analisado algumas das obras, selecionadas a partir da sua importância na discografia nacional e internacional, pois, além de pesquisar e exemplificar os dados colhidos, ilustrando as reflexões sobre os elementos que caracterizam a obra do músico Djalma de Andrade, o Bola Sete,

Assim foi atendido o objetivo principal do trabalho que é apresentar um estudo do repertório escrito para violão por este artista e incentivar novas criações e aperfeiçoamentos musicais que contribuam para a evolução e a inovação musical de nosso tempo.

Quem foi Bola Sete?

Bola Sete (Djalma de Andrade), instrumentista. (Rio de Janeiro RJ 16/7/1923—Califórnia, EUA 13/2/1987). Com 17 anos freqüentava as rodas de músicos da Praça Tiradentes. Por essa época, com um conjunto do qual participava o compositor Henricão, foi para Marília SP, onde ficou oito meses. Aos 18 anos tocou violão em parques de diversão em Campinas SP e Niterói RJ.
Em 1945 venceu um concurso de violonista na Rádio Transmissora (hoje Globo). Durante algum tempo viajou por Minas Gerais e Rio de Janeiro, apresentando-se como violonista. Em seguida voltou à Rádio Transmissora e, por três anos, apresentou-se no programa Trem da Alegria, no Teatro João Caetano, junto com Lamartine Babo, Iara Sales e Kleber de Boscoli.
No final da década de 1940 organizou o Bola Sete e seu Conjunto e, para cantar, convidou Dolores Duran, que era crooner da boate Béguin. Atuaram nas boates Drink e Vogue. Com uma orquestra que formou para o Baile dos Artistas, no Hotel Glória, em 1954 excursionou pela Argentina, Uruguai e Espanha.
Em 1955 fez temporadas em Lima, Peru, e em Santiago do Chile. Em 1959 mudou-se para os E.U.A. e, até 1962, apresentou-se, quase diariamente, nos hotéis da cadeia Sheraton. Por volta de 1960 foram lançados dois discos seus: o LP Bola Sete, pela Sinter, com Um a zero (Pixinguinha e Benedito Lacerda) e Império do samba (Zé da Zilda e Zilda do Zé), entre outras, e o LP “Bola Sete e Quatro Trombones, pela Odeon, destacando-se Mambeando (de sua autoria), The Man I Love (Ira Gershwin e George Gershwin), entre outras.
Em 1962 participou do Festival de Monterey, na Califórnia, E.U.A., como integrante do conjunto de Dizzie Giliespie, com o qual gravou um disco. Também em 1962 saiu no Brasil seu LP “O extraordinário Bola Sete”, pela Odeon, com Menino Desce Daí (Paulinho Nogueira) e Fico Triste Sem Twist (de sua autoria), entre outras. Em novembro apresentou-se New York, E.U.A., no Festival da Bossa Nova, do Carnegie Hall, no Village Gate e no Vanguard. Nesse mesmo ano, organizou seu próprio trio, com Tião Neto (baixo) e Chico Batera (percussão).
Em 1969 participou do Festival de Música Brasileira e Americana, no México, ao lado de Airto Moreira, Eumir Deodato e Milton Nascimento. Em 1971 gravou o LP “Workin’ on a Groovy Thing”, na Paramount/ RGE, contendo Little Green Apples (Bobby Russell), With a Little Help from my Friends (John Lennon e Paul McCartney), entre outras.
Gravou cerca de dez LPs nos E.U.A., inclusive um com Vince Guaraldi. Seus últimos discos, Ocean 1, Ocean II e Jungle Suite, foram considerados por ele como seus melhores trabalhos.
 Faleceu na Califórnia / USA, no dia 14 de fevereiro de 1987.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.





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