quinta-feira, 23 de maio de 2019

ELIZETH CARDOSO - O INVERNO DO MEU TEMPO (1979)

A cantora brasileira Elizeth Moreira Cardoso, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 16 de julho de 1920 e faleceu no dia 07 de maio de 1990. Era conhecida como “A Divina” e é considerada uma das maiores intérpretes da musica brasileira, além de uma das mais talentosas cantoras de todos os tempos, reverenciada pelo público e pela crítica nacional e internacional.

A vida de Elizeth começou a mudar aos 16 anos, quando ela teve sua primeira festa de aniversário. Nessa época sua família havia se mudado para uma pequena casa na Rua do Rezende, nº 87, Centro do Rio. Com difíceis condições financeiras, a família foi morar de favor com a tia Ivone e o marido dela, Pedro. Sua festa fora realizada nesta casa. Para a festa, foram convidados vários amigos de seu pai e de seu tio, também músicos: Pixinguinha, Dilermando Reis, Jacob do Bandolim. Seu tio Pedro a apresentou a Jacob, que pediu que a jovem cantasse para todos na festa, e mesmo muito tímida, concordou, e todos gostaram muitíssimo. Jacob, impressionado com a voz da adolescente, que mesmo sem aula já era uma voz sem erros, profissional, resolveu convidá-la para fazer um teste na Rádio Guanabara e ver se o dono aprovava. Elizeth fora no dia seguinte, e com louvor, conseguira passar na prova e eliminar diversas candidatas: venceu a prova em primeiro lugar, e assim sua carreira deslanchou. Com apenas um disco gravado, começou a ganhar um bom dinheiro e ajudar mais sua família.

Seu pai era contra a exposição da filha, e não queria que ela se tornasse profissional, mas Elizeth tinha um gênio muito forte e uma vontade de realizar seus sonhos maior ainda, e então, mesmo contra a vontade dele, realizou sua primeira apresentação, em 1936, no Programa Suburbano”, ao lado de Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista. Na semana seguinte foi contratada para um programa semanal na rádio e a partir daí, nunca mais parou de fazer sucesso, gravando um disco atrás do outro.

Apesar de ter viajado o mundo, e cantado em todos os países, só faltava um, que era seu sonho: conhecer o Japão. No fim dos anos 1970 o viu pela primeira vez e ficou encantada. Passou a cantar lá com frequência, e passou a viajar a turismo, visitando diversas cidades.

Em 1987, recebeu o convite para uma excursão musical no Japão. Após o término dos espetáculos, ficou algumas semanas passeando pelo país e quando estava em seu hotel, Elizeth se sentiu muito mal, com tonteiras, dores estomacais, até que vomitou sangue e desmaiou. Um dos funcionários do hotel a achou caída, e a cantora acabou sendo internada às pressas. Rapidamente, após uma endoscopia, os médicos japoneses diagnosticaram um câncer no estômago, ou seja, um carcinoma gástrico, que obrigou a cantora a uma cirurgia emergencial, para conter o sangramento e diminuir o tumor.

Seus filhos foram visitá-la, e após algumas semanas internada, pôde voltar ao Brasil, acompanhada deles. Ela passou a se tratar com um gastroenterologista. Apesar tomar medicamentos e fazer os mais avançados tratamentos contra a doença, o tumor havia diminuído, mas pouco tempo depois havia crescido mais, e se espalhado, e Elizeth passou os últimos três anos de vida a base de muitos medicamentos, havia sofrido muita perda de peso, além de fortes dores estomacais e abdominais, mas não deixava se abater, apesar de descansar mais, se alimentar melhor e cancelar muitos shows, não conseguia ficar longe do que amava: a música.

Quando conseguia ter forças para andar, com ajuda, subia ao palco e fazia shows, e muitas vezes não conseguia ir até o final, mas o público era compreensivo. Não suportando mais tanto sofrimento, e já internada, a cantora faleceu às 12h28min, do dia 7 de maio de 1990, na Clínica Bambina, no bairro de Botafogo. Elizeth Cardoso foi velada no Teatro João Caetano, onde compareceram milhares de fãs. Foi sepultada, ao som de um surdo portelense, no Cemitério da Ordem do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro..

Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor de cotovelo ou fossa. O samba canção antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950).

Elizeth migrou do choro para o samba-canção e deste para a bossa nova gravando, em 1958, o álbum Lp “Canção do Amor Demais, considerado fundamental para a inauguração deste movimento, surgido em 1957. O antológico disco trazia ainda, também da autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, as canções Chega de Saudade, Luciana, As Praias Desertas e Outra Vez. A melodia ao fundo foi composta com a participação de um jovem baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: o jovem João Gilberto.

Em 1960, gravou o jingle para a campanha vice-presidencial de João Goulart. Nos anos 1960 apresentou o programa de televisão “Bossaudade”, na TV Record, Canal 7, São Paulo. Em 1968 apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som (MIS - Rio de Janeiro). Considerado um encontro histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia; Desse show foram lançados álbuns em edição limitada pelo MIS.

Em abril de 1965 conquistou o segundo lugar na estreia do I Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) interpretando a canção Valsa do amor que não vem, de Baden Powell e Vinícius de Moraes; o primeiro lugar foi da novata Elis Regina, com a música Arrastão, de Edu Lobo. Serviu também de influência para vários cantoras que viriam depois, sendo uma das principais a cantora Maysa.

Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai, Argentina e México.

Para homenagear essa grande cantora brasileira, apresentamos o ótimo álbum intitulado “O Inverno do Meu Tempo”, lançado em 1979, pela gravadora Som Livre. Este disco contou com a participando de grandes nomes.

Os arranjadores ficaram por conta de Radamés Gnatalli, Sivuca, Sérgio Carvalho, Geraldo Vespar e Antonio Adolfo. Já no instrumental os destaques são Zé Menezes, Waltel Branco, Helio Capucci, Neco, Dino 7 Cordas, Raphael Rabello, Baden Powell, Wilson das Neves, Marçal, Ed Maciel, entre outros.

A seleção do disco é composta das seguintes canções, respectivos compositores e participações especiais:

01 - Mulata Faceira (João Nogueira / Paulo César Pinheiro) with João Nogueira
02 - Queixa (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
03 - No Tempo dos Quintais (Sivuca / Paulinho Tapajós)
04 - Unhas (Dona Ivone Lara / Hermínio Bello de Carvalho)
05 - Mar de Vermelho e Branco (Silvio César / Haroldo Costa)
06 - O Inverno do Meu Tempo (Cartola / Roberto Nascimento)
07 - Primavera/outono (Sergio Carvalho / Silvio César)
08 - Voltar (Delcio Carvalho)
09 - Migalhas (Paulo Valdez / Sergio Santana)
10 - Por Quase Nada (Tavinho Bonfá / Ivan Wrigg)
11 - Velho Amigo (Baden Powell / Vinicius de Moraes) with Baden Powell
12 - De Repente (Silvio César)
13 - Bachianas Brasileiras Nº 5 - 1ª Parte da Ária (Cantilena) (Villa-Lobos / David Nasser)





































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